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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MEU PRIMEIRO TRABALHO

Quando fui para SP, em 1975, trabalhei alguns meses, numa confecção, num trabalho sem muito valor, mas que servia para um começo profissional.
Logo em seguida, apresentada por um amigo, comecei a trabalhar na Transport: a primeira funcionária do setor administrativo, aquela rotina de controle estoque, emissão notas fiscais…
Fui aprendendo, a empresa foi crescendo, o nome virou uma marca conceituada no mercado, e todo meu esforço e dedicação foram reconhecidos com promoções e salários compatíveis, até aí normal; é o que acontece.
Só que não é disso exatamente que quero falar.
Quero falar do ambiente de trabalho. Trabalhei por lá por quase 10 anos,e a experiencia que tive lá não vi mais em lugar algum.
Não sei se por ser outra época, onde a disputa profissional era menos acirrada, lá tive oportunidade de fazer verdadeiros amigos, que mantenho até hoje.
Nós tinhamos tempo e vontade de ensinar os colegas, queríamos ve los bem, queríamos ver a empresa bem e para isso não se media esforços.
Acho que isso vinha dos diretores da empresa. Samy Benedykt e Tomaz Kulikowsky.
Quando comecei a trabalhar com eles, eu tinha 18 anos, eles um pouco mais. Muito jovens, inteligentes, humanos, bem humorados.
Com eles ampliei meus horizontes, aprendi a ler jornal todos os dias, me interessar por politica.
Aprendi a escolher filmes tambem pelos diretores, ouvi pela primeira vez falar de Wody Allen, Fellini
Eles como sócios, tratavam se com muito respeito. Nunca presenciei uma discussão que não fosse cheia de respeito mútuo, e que geralmente acabava em piadas.
Nunca vi falátorios, eram transparentes. Vi funcionários que se dedicaram á empresa, serem recompensados com ajudas para adquirirem suas casas, seus carros.
Nunca vi nenhum funcionário, seja de que qualificação fosse, que antes de qualquer solicitação, não viesse precedida de um por favor, seguida de um obrigado.
Criavam se alternativas para os funcionários, quando isso não constava como regras nos manuais de sucesso, numa empresa ainda de pequeno porte.
Um gremio para incentivar passeios, conseguir recursos financeiros para as emergencias, plano de saude quando isso era algo bem pouco comum.
Depois de dez anos, quis tentar novos voos.Não consigo imaginar como teria sido, caso tivesse ficado por lá.
Trabalhei em outras empresas, sempre na área de moda:outros judeus, libaneses, coreanos. Conheci pessoas ótimas, mas não como eles.
Eles eram mais que ótimos. Eram especiais.

sábado, 24 de setembro de 2011

Ao Mestre com Carinho

Nunca tive talento para ensinar, mas sempre admirei quem o fizesse. SEmpre tive admiração por professores, mestres.
Chequei a viver o tempo em que eles eram admirados, respeitados, bem pagos e reconhecidos.
Cultos, educados, elegantes, e formadores. Não só da matéria escolar que lecionassem, mas formadores de carater, educação, ética, postura.
Um dos maiores crimes cometidos pela politica brasileira, foi a condição que ficou o magisterio.
Hoje ninguem sonha ser professor como plano de carreira. Eles não conseguem comprar os livros que querem, os discos,que gostariam, ver os filmes, viajar.
AS roupas, carros, casas, os bens materias que merecem. Tiraram a possibilidade de viver de maneira digna.
Dos tempos do curso primário em Tabatinga,a lembrança mais forte que ficou foi minha descoberta pelo gosto de escrever.
Aprendi o que os professores chamavam de “redação”.
Adorava,ficava toda feliz,quando as vezes,de improviso,a professora pedia que escrevessemos um tema qualquer,valendo nota,eu já sabia que ia me sair bem.
Eu mesma fazia minhas poesias para declamar nas datas cívicas,nas famosas festinhas da escola.
Achava o máximo,na hora de declamar os versos eu dizer “agora vou recitar o poema “A Independência do Brasil” de MINHA AUTORIA.
Eu ainda não tinha descoberto o gosto pela leitura de livros,mas já adorava ler revistas,folhetins,o que me viesse ás mãos.
Nas matérias exatas eu beirava o sofrível.
Uma lembrança que até hoje me emociona,é quando eu estava no 4 ano ,era obrigatório fazer um curso de admissão no ginasial,e esse curso era pago.
Toda classe,fazia esse curso paralelo ao quarto ano,eu nem avisei meus pais,sabia que eles não podiam pagar,não cursei.
Quando estava chegando o final do ano,minha profesora,Maria Luiza,me disse que seu eu pagasse uma taxa mínima para os exames finais,e atingisse uma media considerada ideal,eu poderia ingressar no ginásio sem ter feito o curso na íntegra.
Achei ótimo,mas nem essa taxa minima.eu podia pagar,
Não fui fazer os exames.Ela foi até minha casa,perguntou porque eu não tinha ido prestar o exame,e eu disse a verdade,e ela me disse que pagaria meus exames,marcou uma nova data.
Pela primeira vez na minha vida,estudei pra valer,tirei dez,até em matemática.
Nós nunca tocamos no assunto,mas hoje vejo que deve ter sido gratificante pra ela ver que seu empenho valeu a pena que eu havia feito por merecer,que eu tinha reconhecido o que ela havia feito por mim.
Eu nunca me esqueci disso.
Às vezes,é pouco que uma criança precisa para seguir em frente.
As vezes basta um voto de confiança.
De repente,eu poderia ter parado de estudar por ali,isso era comum nessa época,ou sendo mais otimista,perderia um ano todo fazendo esse curso,antes de poder seguir para o ginasial.
Foi uma lição pra mim.Inesquecivel.Pra ficar registrada,pra ficar de exemplo.

Professores podem mudar uma vida, uma história.
Dessa professora doce e querida, soube que morreu muito jovem.
Mas sua lembrança e minha gratidão são eternas!