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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SÃO SÃO PAULO, MEU AMOR!

Quando cheguei em São Paulo, com 18 anos, a cidade me recebeu.
 Não foi com braços abertos.
 Recebeu-me fria, distante, egoísta. Mas convidou-me á ficar.
Se nos anos 70 São Paulo não agredia, também não acalantava…
Era o maior mundo que eu poderia ter ao meu alcance.
Um novo mundo, de coisas nunca vistas, que espantava: escadas rolantes, o mistério inexplicavél da vida em prédios, casas umas sobre as outras, cadê o quintal? Vizinhos, portas coladas, que nem se conheciam? O semáforo com cores que ditavam regras e eram obedecidas.
O trânsito uma loucura controlada. O congestionamento, buzinas, correrias, as pessoas com tanta pressa.
Espanto. Sustos.
O mistério dos elevadores. As pessoas tão próximas, os mundos tão distantes.
E quando tinha ascensorista, então... Porque alguém tinha que ficar lá o dia todo e apertar o botão do andar. Cada um não podia fazer o seu?
O encantamento de ver grandes lojas, vitrines e luzes.
Primeiro, o comércio do centro da cidade. Mappin, e as luzes da Loja Peter.
Shopping Centers.
Rua Augusta: “desci a Rua Augusta á 120 por hora, joguei a turma toda, do passeio pra fora...”
Rua São Caetano, dos vestidos de noiva,
Rua Consolação, dos lustres,
Rua José Paulino, das lojas populares,
Rua Oscar Freire das lojas sofisticadas,
Rua Teodoro Sampaio dos móveis e assim vai, infinitas possibilidades.
Quando chequei por aqui, e nada entendi, (como diz o poeta Caetano) chorei com as pessoas que passavam apressadas por mim, sem me ver, hoje isso me dá saudades.
A tranqüilidade e leveza do anonimato. Ser só mais um, mais alguém.
São Paulo, que amanhece trabalhando, São Paulo que não pode adormecer.
São Paulo 24 horas.
 Supermercados, feiras, academias ginástica, cinemas, restaurantes, lojas, dentistas, clinicas veterinárias, farmácias, cafés shows, sanduíches, Mercado Municipal, livrarias, bancas de revistas
 São Paulo 24 hs. em tudo. Para todos.
Oportunidades e trabalho. Hoje um pouco menos, mas sempre oportunidade e trabalho.
Não acredito em ninguém que diz que ficou desempregado em SP. Desempregado sim, sem trabalho, nunca.
São Paulo é terra de profissionais. De qualquer hora. Para ficar lá, viver lá, tem que ser profissional, tem que ser bom no que faz. Todo mundo tem que ser bem informado. Desde faxineira e operários que param nas bancas de revistas para ler as manchetes dos jornais, todo mundo tem uma opinião sobre alguma coisa. Em São Paulo, amador tem que ser profissional. O vendedor ambulante que corre do “rapa” chega ao trabalho ás 4 horas da manhã.
São Paulo, a locomotiva que carrega o país, permite á todos, sonhar e alcançar.
Devo muito á São Paulo.
Ganhei dinheiro por lá, e gastei. Gastei porque optei por viver aquela cidade e tudo que ela podia me oferecer. E ela cobra caro…
Agreguei valores, conhecimentos, profissionalismo, amizade sinceras.
São Paulo me permitiu sonhar, crescer, alcançar.
Em cada aniversário da cidade, sinto me num feriado, fico em festa, comemoro.
Ter vivido 30 anos lá, preparou me para viver em qualquer lugar do mundo, e enfrentar qualquer situação da vida.
Não dà para ter bobeira por lá. Você tem que estar no ritmo. Não dá para ser fraco, nem parar para pensar muito.
Ela cobra soluções, idéias e rápido!
E te oferece as possibilidades.
Lá tudo é possível para quem tentar de verdade!

MELHOR DEFINIÇÃO DE SP: FEITA PELA KAREN: SP É BIPOLAR!!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MUSICA E EU

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sempre lia coisas interessantes no blog alemdos30.blog.terra.com.br e depois ele passou a ser alemdos40.blog.terra.com.br Recomendo. Não é a primeira vez que seus post me instingam e me inspiram.
Em um de seus posts  ela escreveu sobre fotonovelas. Revistas “Capricho”,”Grande Hotel”. Carro DKW, e os primeiros refrigeradores sempre com toque de humor.
Lembrei me que nem faz tanto tempo assim, e refrigerador era um grande sonho de consumo.
Quando eu era criança, em casa não havia geladeira, mas era muito natural ir diáriamente à casa da D. Lídia Cruz, com um baldinho, buscar gelo. Eu ia todo dia, na hora do almoço buscar um pouco de gelo, pra fazer suco para meu pai.
A geladeira era tão prestigiada, que quase nunca ficava na cozinha, era mais comum encontra-la na sala de jantar e até na sala de visitas! Acredite!!! Era muito chic!!! Ficava mais chic ainda, se no topo da dita cuja, tivesse um pingüim, quem sabe um par, melhor ainda, uma família toda de pingüins. Ou um grandioso liquidificador, destacado em local tão nobre, devidamente coberto por uma capinha cheia de rendas e frufrus. Na “maçaneta” que abria á porta da geladeira, muitas vezes era colocado umas capas que as donas de casa achavam bonitinhas. Podiam ser de crochê com pingentes, ou de tecido, com caras de gatinho, morangos ou cenouras .
Eu devia ter 12 anos, ano de 1968, quando vi na TV do vizinho, os primeiros comerciais de gelatina ROYAL. Não eram comerciais, eram “propagandas” em preto e branco, lógico.
Cantava uma musiquinha, a gelatina saía da forma, dançando, com boquinha sorrindo. Aquilo me fascinava. O que seria?? Como seria??
Então, duas descobertas: a primeira: chegou gelatina no armazém do Sr Nogui em Tabatinga, segunda: não era caro, dava para comprar. Comprei sem falar nada para minha mãe, e fui fazendo conforme as instruções:
.dissolver na água quente.OK
. misturar água temperatura normal,OK
. levar a geladeira. GELADEIRA???
Como assim? Era só aquele liquido?, parecia Q Suco… Precisava ir para geladeira?? Cadê a geladeira?
Sem minha mãe saber, coloquei os potinhos, cobertos com pano de prato, numa pequena área de serviço. À noite fazia frio, quem sabe, se ela dormisse no sereno… Quase deu certo.
Ela não ficou firme como na TV, mas deixou de ser liquida, deu uma encorpada, deu para comer com colher , toda feliz…
Ainda demorou mais uns dois anos para termos nossa primeira geladeira. Já era usada, mas tinha sido restaurada, estava bonitona. Era daquelas grandonas, de formas arredondadas, que abriam com uma alavanca. Eu achava lindo. Ficava na sala de jantar, que a gente chamava de “copa”.
Às vezes, quando todos na minha casa dormiam, eu me levantava, as luzes todas apagadas, eu abria a geladeira, a luz interna acendia e eu ficava olhando encantada, a casa iluminada só pela luz da geladeira. O máximo. Na minha casa tinha geladeira, nooossaa, eu estava podendo…
Foi uma sensação boa de conquista, numa época que o consumismo não era exacerbado e a gente podia se deleitar com o sonho da EXPECTATIVA de TER. Querer, esperar, era tão bom quanto a conquista em si.
Ou até melhor!