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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MEU TEMPO AGORA

Eu sigo em frente, querendo não ver o tempo passando, querendo ignorar que o ano está acabando,  me recusando a pensar em natal, réveillon.
Ano novo, de novo.
Fingi não ver os panetones, os enfeites, os comerciais na TV.
Não quis fazer planos, não quis pensar em presentes, tampouco em ceias.
Quem sabe se eu não prestasse atenção, natal e réveillon não chegariam.
Primeira vez que me sinto assim .
Festas de fim de ano, para mim sempre foram esperados com ansiedade, recebidos com esperança, alegria. O Decio entre suspiros saudosos, disse dia desses: “Como era bom esperar o natal”
Ele demorava tanto a chegar, o tempo passando devagar. Isso fazia a espera melhor.
E já que estou em uma conversa, meio nostálgica, meio saudosista, prá variar, pensando e repensando nos meus 56 anos e 63 anos do Decio, deitei meu olhar observador, mais uma vez, na geração que chega agora á essa faixa etária.
Privilegiados.
E muito.
Muito melhor assistir as mudanças, até participar de muitas delas, do que encontrar pronto
Muito melhor ter conhecido as rádiovitrolas, naqueles móveis bonitos com pé palito, depois as vitrolinhas portáteis, com discos de vinil, o som estéreo, os enormes gravadores, depois portáteis, walkman, e só depois o CD MP2 MP3 MP4 , Ipod e tudo que foi surgindo....
Os telefones pretos de manivelas, os de discos,  as teclas, ver chegar o celular, que começou só telefonando, e agora é tudo isso. Do rádio, á TV preto e branco, colorida, portátil, HD
 Onde a internet entra nessa?
Assisti á queda dos botões. Vi a chegada da era digital. E viva os controles remotos!!
Chegada da mini saia, modelos e cores de roupas para homem/mulher (unissex, lembra?)
Mudança de costumes. Muitas e grandes mudanças.
O sexo antes do casamento, a pilula anticoncepcional, o divorcio (onde você estava quando a lei do divorcio foi aprovada?)
A mulher no mercado de trabalho.
Tudo isso e muito mais, eu vi acontecer, nada estava pronto.
E como diz o Decio, a novidade demorava muito para chegar, então quando surgia, o impacto era grande. Pudera, não existia nada, tudo á acontecer.
E a geração que agora são senhores, os primeiros senhores do século XXI
Para falar apenas do que vejo de perto: O Decio com 60 anos participava de corridas, freqüentava academia,(agora deu um tempo, complanos de retornar) faz tudo na internet, como muitos, ou como todos na mesma idade.
 Se um dia precisar, o Viagra está aí, para não deixar a peteca cair (perceberam a sutileza do duplo sentido??)
È interessante observar a naturalidade com que minha geração vai se adaptando a isso tudo tão depressa.
E essa geração, que foi criada sob uma serie de dogmas, de regras, nem sempre entende tudo, nem sempre aceita, mas está preparada para viver o mundo, a vida de hoje, como ela é.
E conservar o humor, a disposição de viver, não apenas ver o tempo passar.
Dar risadas, discutir, concordar com algumas coisas, polemizar em outras, mas ainda conversar, muito e muito.
Assim , como fazem os adolescentes (eles ainda fazem?)
Cansar de falar.
Somos da geração que falava,conversava, muito.
Somos da geração que beijava muito. E só beijava. 
Ver com com alma lavada, e exclamações do tipo “a vida é boa, a vida é bela”, e que o tempo que passou foi bem vivido.
Ter pensamentos do tipo “ ah! Mas viver vale muito a pena, envelhecer vale muito a pena”
A vida está aqui, com as transformações que vimos, as que veremos.
A vida está aqui, ensinando e aprendendo.
 Viver nosso tempo AGORA. Privilégio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CLASSICO E TRADICIONAL III

*  Nilton Roberto é o primeiro blogueiro que passei a acompanhar as histórias, escritas diáriamente, com sinceridade e verdade. Um homem de 50 anos que expõe histórias, pensamentos e sentimentos, as vezes contraditórias, até polemicas, mas sempre sinceramente bem escritas

SEU TEXTO NA INTEGRA:

" A PEDIDO


Outro dia recebi da minha comentarista mais assídua, a Picida, um e-mail com o seguinte conteúdo:
“Tatiana Rezende se baseou numa frase de um post meu, para escrever sobre ‘tradicional“. Então me veio a ideia e vontade de pedir aos escritores de meus blogs favoritos que escrevam sobre o tema.
O que dos dias de agora será “classico” e /ou “tradicional” no futuro?
Vale tudo. Comida, roupa, filme, musica, pessoas, costumes, novela, sei lá.
Conto com sua opinião“.
Bem, para quem não sabe, a Tatiana Rezende é uma jornalista que trabalha na equipe de produção do programa do Jô Soares e tem um blog que pode ser acessado no link http://trezende.wordpress.com/.
Pensei muito se escreveria alguma coisa sobre o tema, porque dele não gosto.
Na verdade, se for pensar, hoje em dia não existe nada acontecendo que apresente tendência a virar “clássico“.
Os Beatles (como um todo) são um clássico. Oasis, por exemplo, nunca será.
Duvido muito que haja explosão de vendas de cd’s daquela banda daqui a 40 e poucos anos, como acontece com os Beatles. Nem se compara.
Não vejo nada que hoje em dia esteja acontecendo para se tornar tradicional.
Aliás, na minha vã filosofia e pouca sabedoria radical acumulada em meus parcos 51 anos de vida, a palavra “tradição“, para mim, significa ”o modo como sempre fizemos as coisas“. Se é o modo como sempre fizemos as coisas, não admite mudanças. Até onde eu vejo, o que não admite mudança não evolui; o que não evolui fica estagnado; o que fica estagnado um dia acaba morrendo. Não vejo como fugir disso.
Sempre digo que minha relação com o tradicionalismo gaúcho acaba no churrasco. Tenho séria dificuldade em estabelecer uma diferenciação pessoal entre o que é tradicional e o que é costume. Não cumpro várias e várias “tradições” autoimpostas ao longo dos anos, que dirá o que vem de fora dos meus interesses.
“O modo como sempre fizemos as coisas“, pelo que percebi até hoje, é não só muito importante para muitas pessoas, como se torna um “hábito“, um “costume” seguro, que evita que as pessoas tenham que pensar em fazer as coisas de um jeito diferente, ficando com aquilo que já conhecem, porque já existe um roteiro pré-programado, seguido ao longo de tantos e tantos anos, que sequer pode ser questionado, ou seja, não admite mudança. É muito mais seguro andar por onde já se conhece do que tentar fazer um caminho diferente e cheio de surpresas, que, para começar, poderia ser muito mais excitante, mais estimulante.
Mas, para não dizer que não falei de flores, consigo admitir que é possível que no futuro, daqui a 60 anos, ainda estejamos falando sobre a “clássica” e “tradicional” roubalheira política em todos os níveis (escrevi roubalheira política? Errei, queria dizer “roubalheira dos políticos“, porque a política não se rouba, ela é uma ferramenta usada para perpetuar a verdadeira roubalheira), porque esta é uma ”tradição” que realmente vingou e que só sobrevive porque “o jeitinho” brasileiro tem sempre uma maneira de modificar “o modo como sempre fizemos as coisas“: para isso, roubar, sempre existe renovação. E o que se renova admite mudança. Se admite mudança, evolui. Se evolui, nunca fica estagnado.
Se não fica estagnado, nunca morre. Parece que existe, sim, em algum momento, uma diferenciação entre tradição e costume.
-
P.S.:
(o mais engraçado é que durante a confecção deste post em alguns momentos fiquei com a sensação de estar escrevendo sobre casamento, por que será?) "

* TEXTO ESCRITO EM NOVEMBRO/2009
mas que sempre vale a pena ser revisto.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

LEMBRANÇAS...

A loja de modas MIX, comemorou seu quarto aniversário, com um dia todo de festas para clientes e amigos.
Com novas instalações, sempre visando o bem estar de cada cliente, estoque renovado, com grande variedade de estilos e preços.
Apresentando modelos profissionais num trabalho perfeito de “manequins vivos” na vitrine, Liliana, sua proprietária, alem do coquetel , regado á bom vinho frisante gelado, ofereceu “bem casados” com a marca da loja. Pura criatividade. Puro charme.

Após um tempo para conhecer seu público e seu mercado, Liliana navega com segurança, no mundo da moda, ambiente onde sempre circulou, tendo feito um trabalho de destaque por mais de 20 anos na Capital.

Além da área comercial, fez trabalhos de criação em marcas de destaque no mercado como Cashier, Chocoleite, Laser Jeans, Vida Bela,Cóz Cóz, e na área do Varejo desenvolveu coleções para C &A e para Gregory marca sofisticada, presente nos principais shoppings do país.
Com vitrines originais, e criativas, a Mix recebe lançamentos semanalmente.
Por sua experiência e bom gosto, costuma afirmar que o cliente Mix, é um cliente seguro, com personalidade, que não escolhe modelos pela marca, mas pelo visual.
Seus clientes não gostam de ser mais um á ter determinado produto, ou marca. Preferem ser os primeiros á ter belas peças.
Gente de estilo.
MATERIA PUBLICADA NA REVISTA MULTIVISÃO NOV/2.008
E eu como irmã coruja assumida, reproduzo

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

CLÁSSICO E TRADICIONAL II

O Aguinaldo, é o autor do blog CRONICAS CORPORATIVAS que sempre esteve entre meus blogs favoritos.
No seu blog, Aguinaldo fala na maioria das vezes sobre a vida e trabalho dos executivos de hoje, com uma visão eficiente e moderna, uma vez que já tem uma brilhante carreira, Seus textos já serviram de referencia varias vezes, em algumas delas, eu mesma fiz umas consultas e sempre recebi orientações inteligentes.
O mais interessante, é observar sua avaliação sensata e esperta de classico e tradicional, sendo ainda tão jovem.

"A frase a seguir é do Edgard Scandura, da banda Ira. Ele disse uma vez que "não se sabe por que, mas de vinte em vinte anos as pessoas descobrem que há vinte anos se fazia uma coisa super legal e tem saudades". Pois então vamos a análise.
Um dia desses, uma fantástica leitora desse blog me enviou um email perguntando o que, em minha opinião, ficaria para a posteridade? O que, no mundo atual se tornaria tradicional e o que se tornaria um clássico? E eu tive alguma dificuldade para responder imediatamente, fiquei pensando uns dias. Acho que hoje conseguirei dar a minha opinião.
Clássico pra mim é o que fica. E como diz o Scandura, clássico hoje é o que se fazia de legal há vinte anos. Eu, na época, ouvia Ira! Eu curtia o Djalma Jorge Show na rádio Joven Pam, assistia à novela Que Rei Sou Eu?", ia nos shows de heavy metal no Projeto SP e no Projeto Leste 1, em São Paulo e, principalmente, tinha o sonho de comprar um Escort conversível equipado com um Rod Star.
E se o Scandurra estiver certo, também serão clássicas algumas coisas de hoje, como o time do Santos de Elano, Diego e Robinho; a sequência de livros do Paulo Coelho, o Honda Civic (um dos carros mais adorados dos brasileiros), o Dan Brownos Simpsons, os filmes Nacionais (Tropa de Elite, Carandiru, Cidade de Deus); o MSN e Orkut (que praga!); o governo do PT com os 40 ladrões, a febre Evangélica (que converte cada dia mais pessoas usando uma estratégia 100% comercial); etc.
Outro exemplo de algo clássico nos dias de hoje é a história dos "3 porquinhos", que minha mãe sempre contava. Eu creio que daqui há vinte anos estaremos falando da "Gripe do Porco" e que o Lobo Mau dos anos 2000 tinha medo dos espirros.
Quando o primeiro Ford fizer 100 anos, em 2029, lembraremos desses assuntos ao contarmos histórias aos nossos filhos e netos. Se a banda Ira vai voltar a existir, não sabemos. Mas o certo é que ela continuará um clássico mesmo depois de quase 50 anos, pois marcou uma geração. É só lembrar o que acontecia há 50 anos: Elvis, Creedence, Rolling Stones faziam o tradicional que depois virou clássico. Roberto Carlos era tradicional, hoje é clássico.
E porque as coisas somente viram Clássicas depois de 20 anos, como pergunta o Edgard? Porque clássico é tudo aquilo que resiste ao tempo, no mínimo 20 anos."
*texto brilhante escrito em novembro 2009. Algumas coisas citadas não resistiram ao tempo: orkut,acabou,agora facebook é a onda da vez.
Vejamos o que o tempo fará.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AO MESTRE

Sendo hoje o Dia dos professores, acho ideal registrar a importancia que muitos dos meus professores tiveram em minha vida.
Pode parecer frase feita, mas realmente lecionar, é um sacerdocio, e não vou ganhar nenhum premio Nobel por afirmar que o país só vai se firmar num patamar de dignidade, quando a educação tiver  sua importancia realmente reconhecida.
E a educaçaõ, realmente está nas mãos dos professores.
Faz toda diferença no resto de nossas vidas,os professores que a gente encontra pela vida.
Eu tive sorte.
Tive oportunidade de estudar numa época em que as melhores escolas eram do Estado.
A carreira de professor era valorizada, eles ganhavam bem, eram bem preparados ,e nos educavam de verdade.
Não era apenas ensinar matérias, era ensinar  comportamento.
Era uma  corrente: eles eram bem formados, liam bons livros, viam bons filmes, músicas,eram elegantes na maneira de ser e no espirito.
Tinham noção de sua missão,de seu compromisso.
E ensinavam mesmo,e recebiam de maneira adequada para isso.
Nós tinhamos que aprender,senão ás vezes por causa de uma matéria, por causa de um  ponto a menos na nota, teríamos que cursar um ano novo inteiro.
Quando o professor  chegava à sala de aula ,a classe toda ficava em pé para recebe-lo.
Havia um respeito e admiraçaõ por eles.
E todos esse meandros esquisitos da politica, foi tirando deles, o salário, a dignidade profissional,o respeito dos alunos e da sociedade.
Agora o professor ganha mal, nem sempre consegue se vestir como  gostaria, ler os livros que queria, ver seus filmes, viajar.
E quanto maior e melhor sua formação, mais consegue acrescentar a seu aluno.
Nas escolas particulares, que hoje proliferam pelo país, se eles chamam a atençaõ do  aluno, muitos pais vão reclamar, e a escola pede para relevar, não quer perder o aluno-cliente, e cliente tem sempre razão…
Nas escolas do Estado, o aluno sabe que não vai repetir de ano, a autoridade que se faz necessária perde o sentido, e professor é só uma tia como  qualquer pessoa mais velha.
Parabéns aos professores que ainda hoje conseguem exercer sua profissão com todas as dificuldades que lhe foram imputadas.
E obrigada aos professores especiais que passaram pela minha vida, que ajudarm na minha formaçaõ,que fizeram de mim uma pessoa melhor.
Em Tabatinga, aprendi muito com o SR Dirceu, prof,História e Geografia, e como esquecer a excentricidades da prof Wanda Ciencias, o carinho prof Angel de musica, Bete Martinez,e Maria Luiza e todas as professoras de Portugues, que me incentivaram a ler, a escrever.
Em Ibitinga,os conhecimentos e etica do Prof Osvaldo Pagni Gelli, lecionando Historia, Prof Eugenia Cavalheiro Bueno ensinando Portugues. 
Tenho cada um deles na memória, e muitos deles, no coração, prá sempre.

sábado, 13 de outubro de 2012

PENSANDO...PENSANDO...

Feriado prolongado chegando na hora certa.
Fim de um ano dificil se aproximando, e as energias precisando ser recompostas.
Vou aproveitar esses três dias para respirar calma e profundamente.
Esquecer os problemas, focar as soluções, como sempre dizia meu amigo Rafael
Quero relaxar mesmo, ficar em casa, ficar na minha.
Pode até não ser bom sinal.
Tentativa de isolamento nunca é bom sinal. Mas eu precisava disso.
Já está chegando aquela “cobrança inconsciente” de balanço de final de ano.
Aquelas famosas promessas feitas, quase nunca cumpridas.
E só de começar á pensar nesse balanço inevitável, vem uma boa dose de frustração, que finjo ignorar.
Não fiz quase nada. Fiz muito pouco.
Tem sido um ano agitado, desses de matar um leão á cada dia e não ver o tempo passar. Você termina o dia, o leão do dia está morto, mas fora isso, nada mais foi feito.
Como tenho a grande mania de ver sempre o “lado bom” de tudo, e quer saber? até gosto disso, vou enxergando em cada coisa, algo de bom.
Nem que seja aprendizado.
E se é verdade que é das coisas dificies que se tiram grandes lições, nesse ano fiz mestrado.
Aquelas coisas que parecem clichês, mas nada mais  que as básicas verdades da vida: vivendo e aprendendo.
Em Ibitinga, hoje terá um tradicional Baile do Havaí.
 Eu nunca fui, mas é um acontecimento na cidade, embora me pareça que não tem mais o glamour de uns anos atrás. O tempo vai passando, outras turmas chegando, com outras preferências. O que vai ser “tradicional” daqui um tempo??
Nos intervalos de meu descanso, visito minha mãe, visito minhas tias.
O Skipe ajuda a matar saudades dos amigos e irmãos.
E páro para pensar sobre a vida.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

DOCES LARES EM TABATINGA

Minha casa, onde quer que fosse, de que jeito fosse, sempre foi importante para mim. Meu espaço, meu castelo.
Eu, rainha.
Se na minha casa, não me identificar, ficará complicado,complicadíssimo
À partir de meus cinco, seis anos de idade, lembro de cada casa que morei.
Detalhes de instalação, decoração, situação.
A primeira lembrança que tenho de uma casa, é da primeira casa que morei em Tabatinga 
Meu pai era funileiro mecânico (ainda existe essa profissão?) um operário enfim, mas muito qualificado e competente. Por isso foi convidado a trabalhar em Tabatinga e ir morar numa das casas do patrão.Osmar Dabruzio. Ficava ao lado de seu trabalho, na rua principal da cidade.
Era uma casa ampla, simples e confortável.
Uma área ampla antes da entrada, a seguir a cozinha , que era o lugar da casa onde fazíamos as refeições.
Tinha sala de visita, sala de jantar, pouco usadas, e dois quartos amplos.
O Neto, meu irmão mais velho, morava com meus avós em Ibitinga, só nos visitava em férias e feriados, a Liliana tinha 3 anos, lembro muito pouco dela nessa ocasião, e o Zé Luiz, nasceu nessa casa.
Lembro bem desse dia.
 Eu, brincando no quintal, olhando para o céu, esperando a cegonha.
A casa, minha mãe trazia impecável, como sempre. Em cada mesa, uma toalhinha, com vasinhos de flores de plástico, chão de madeira, encerado, brilhando. Cera Parquetina, com certeza. Brilho de escovão.
Nessa área de entrada, meu pai recebia amigos em dias de festa.
No quintal, passava um riacho que em raras oportunidades, minha mãe deixava me aventurasse.
As melhores lembranças são focadas na vida harmoniosa que meus pais viviam e que meus irmãos não tem como se lembrar.
Os passeios aos domingos á noite com meu pai, cinema e lanche Bauru no bar da D.Nivea
Meu pai, fazendo álbuns de figurinhas, lendo gibis de Mandrake e Fantasma. 
Depois moramos em uma fazenda, Marquezi, novamente casa do patrão, uma boa casa, simples, e ampla, muito confortável. Chão de vermelhão, encerado e lustrado. Um brilho só.
Limpeza e organização impecáveis.
Tinha um quarto de hóspedes que nunca era usado, e guardava uns 4 colchões de mola,que á cada distração de minha mãe, eu e a Tia Vera usávamos para pular e brincar.
Não tinha luz elétrica. Nos guiávamos por lamparinas.
Dormíamos cedo, mas dava tempo de brincar de joguinhos com Tia Vera nas férias.
De dia, ia para escola, fui alfabetizada por lá.
À tarde, hora de brincar, sair pelo campo, ver o gado pastando tão próximo, minha mãe pondo roupa para guarar á beira do riozinho, água de poço.
A noite, meu pai, com seu radio de pilha, ouvindo futebol e musicas sertanejas.
Mas, aquelas de verdade.
Cascatinha e Inhana, Pedro Bento, Zé Fortuna e Rei do Fole, Tonico e Tinoco.
As vezes ouviamos o programa “Balança mas não Cai”
Voltamos a morar na cidade, meu pai voltou a trabalhar na primeira empresa.
A casa era ao lado de seu trabalho, na frente tinha um posto de gasolina.
Já não dava para tantas brincadeiras. A casa era menor, a divisão dos cômodos era esquisita.
Moramos por lá pouco tempo, logo meu pai arrumou uma casa melhor.
A casa de Sr Aristides Cruz. Uma varanda ampla, 2 quartos grandes, e  o melhor da casa: o quintal, com arvores e  riacho que cortava toda a cidade.
Dessa vez pude brincar bastante. E nessa casa fiz amigos na vizinhança.
A Silvinha, a Lidia.
A gente brincava, passeava, conversava. Bola de gude pela rua, queimada, amarelinha, ver TV nos vizinhos, uma festa.
E de novo, e sempre, minha casa, embora simples, sempre muito impecável. Minha mãe nunca deixou para arrumar as camas depois, mais tarde, sei lá, por qualquer motivo que fosse.
Nunca teve dia de faxina, na minha casa todo dia era dia de varrer, encerar, lustrar.
Eu nem reparava. Parecia natural que fosse assim.
Minha mãe cuidava de cada detalhe, conservava por toda vida um enfeite que ganhasse.
Mudamo-nos para um casarão antigo, a casa do “Dias”.
Tudo muito simples, muito básico.
De bom, mas muito bom mesmo, o quintal enorme, com arvores e rio.
Nessa casa desenvolvi e cultivei manias, quase rituais.
Passei a ajudar minha mãe na  limpeza diária da casa: camas com lençóis bem estendidos,as toalhinhas, criei arranjos de flores secas, ajudava a dar brilho no chão.
À cada cômodo que eu limpava, eu fechava a porta, para manter a ordem.
À tarde ia para a escola, voltava as 17 hs.
Trocava de roupa, fazia  doce de leite cremoso, quase como leite condensado, só para mim, todos os dias, um pouco só, menos que uma xícara.
Deixava esfriando e ia para o quintal, quase bosque. Ou era um bosque mesmo.
Passava horas, sonhando, pensando, brincando, criando historias, lembrando outras, eram as melhores horas do meu dia. Voltava para casa, ao escurecer.
Fiz isso durante anos e todos os dias da minha vida.
Eu não trocava aquilo por nada. Adorava.
A casa seguinte já era uma situação mais modesta. Meu pai tentava seu próprio negocio, e isso nunca foi seu forte.
Ele montou uma oficina na frente e nos fomos morar no salão dos fundos.
Eu costumo dizer que morei num “loft”. Agora isso é tão chic…
Era um salão mesmo, mas que minha mãe dividiu com móveis, deu cara de lar. Lá os cuidaddos eram os mesmos. Sempre tudo muito arrumado e organizado.
Das lembranças boas daí, o Neto veio morar conosco, começamos a fazer amigos, paquerar, sair a noite, eu estava ficando uma “mocinha”.
Quando o negócio não deu certo, meu pai fechou a oficina, nos mudamos para uma casa no centro.
Casa antiga, sem quintal, sem varanda, só um janelão que dava para rua.
Mas era perto de tudo. Dos passeios, de minhas amigas, do cinema, do clube.
Uma das lembranças marcantes nessa casa, foi da chegada da geladeira
De segunda mão, mas conservada, com aqueles trincos gigantes.
Eu achava demais abrir a geladeira e iluminar a sala com ela. Dava um clima. Era um sonho.
A Liliana, minha irmã veio morar em Ibitinga com meus avós, queria estudar numa escola industrial, profissionalizante, que ensinava costurar e cozinhar.
Ela voltava nas ferias e feriados.
E num dia 28/01 seu aniversario, do nada, eu organizei uma festa de aniversario para ela.
Alguns refrigerantes, bolo e sanduíches. Chamamos os amigos, e fizemos uma farra.
Foi a ultima casa que morei em Tabatinga. Eu tinha 14 anos.
Mas dentro de cada fase, cada momento de minha vida, dentro de grande simplicidade, tive um castelo.
Minha mãe me fazia ver assim, sentir assim. Ela me ensinou que seu lar era seu reino.
 Aprendi e foi para sempre.
E isso sempre foi bom.
Depois falarei das demais casas. Fui quase cigana, mas sempre rainha do castelo

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

SEM NUNCA TER SIDO

Para ser jornalista, é necessário a conclusão de curso superior.? Acabou a obrigatoriedade.
Quando deixei Ibitinga, aos 18 anos, no ultimo ano do colegial, queria estudar jornalismo, queria ser uma jornalista.
Isso, porque com a pretensão exorbitada típica nessa idade, acho que já me achava jornalista.
Eu escrevia para o jornal da cidade “O Comercio”.
Era colunista fixa, escrevia sobre variedades, incluindo a vida social da cidade.
 Era a Joyce Pascowicth do pedaço, da hora. Acreditava que era.
E quando chequei a S.Paulo, juntei o fato de gostar de escrever, com a tremenda cara de pau, que me era peculiar, e saí entrevistando quem eu tivesse interesse em conhecer, com o pretexto de colocar no jornal.
Unia o útil ao agradável. Eu realmente fazia entrevista, eu realmente as publicava.
Outros tempos, as celebridades davam oportunidade.
Eu entrevistei quem eu quis.
No auge de Festivais, num festival da Globo em 1975, ganhou Carlinhos Vergueiro, com uma música que falava sobre futebol. A música era boa, ele era bom, e bonito!.
Descobri sua gravadora, descobri seu empresário, marcamos a entrevista, fui até seu apto na Oscar Freire. Um apto pequeno, modesto, ele com a filha bebê.
Quem estava lá, tocando violão com ele? Toquinho. Um ídolo, grande músico e bonito.
Pensa que eu me acanhei? A caipira do interior, encarou tudo com naturalidade, fiz a entrevista, achei os dois muito legais, educados, atenciosos. Escrevi a matéria. E fiquei “me achando”.
Depois, meu lado “Maria chuteira”, quis conhecer Oscar, na época zagueiro da Ponte Preta, simpático, bonitão, estudava Fisioterapia na PUC de Campinas.
Ele estava despontando na carreira, depois foi por anos zagueiro do SP e foi titular da Seleção Brasileira do Telê Santana, aquela do Zico e Sócrates.
Também descobri na pura cara de pau. Telefonei para time, assessoria de imprensa, marcava entrevista e publicava.
Assim entrevistei o Vladimir do Corinthians, Valdir Peres do São Paulo.
Kito Junqueira era um ator global, de muito prestigio na meio teatral na época, com peça de sucesso e prêmios com a peça Bent.Principal ator da TV TUPI.
Pronto. Mesma coisa. Pesquisei, localizei, entrevistei, e publiquei.
Onde? No jornal de Ibitinga.
Com todos, eu tirava uma foto.
Minha irmã, fã ardorosa do cantor Fagner. Quer conhece-lo? Deixa comigo…
Ele no auge do sucesso, de lotar estádio, eu entrevistei, nos encontramos tanta vezes que ele chegou a ficar “amigo”, tanto que em duas capas de seus CDs, fotografou com camisas que foram presentes de minha irmã.
E um dia, no seu camarim ele nos apresentou Milton Nascimento e nós ali, cara de paisagem… Mas, essa é uma história para um capitulo á parte…
E, glória para mim, foi entrevistar a dupla gaúcha Kleiton e Kledir, meus ídolos máximos dos anos 80, em temporada de sucesso no Palace, a casa de show do momento.
Para mim, isso era muito natural.
Isso não é, digamos um “instinto” jornalista natural?
Eu escrevia o que acontecia.
Com o amadurecimento, essas aventuras foram passando, mas fiz assessoria de imprensa, que era mandar um texto falando sobre os lançamentos, com fotos feitas por profissionais para serem publicadas na imprensa.
Tive considerável êxito nessa tarefa, mas ela era só um complemento de meu trabalho, que era na verdade, gerente de vendas.
Voltando para Ibitinga, fui convidada a escrever na revista Multivisão.
Revista local, pequena circulação, mas eu tinha minha coluna, escrevia sobre o que bem entendesse.  Prestei vestibular para Jornalismo na \Usp, não consegui entrar. Fiz Letras, nem completei.
O dinheiro que me sustentava vinha de meu trabalho na área de moda e o sonho e vocação foram passando.
No seu blog, a Tatiana Rezende comenta sobre os estragos que um mau jornalismo fez com a história da Escola Base de São Paulo. Realmente. Verdade.
No meu comentário, falo do estrago, que a imprensa fez com a vida e carreira do cantor Wilson Simonal.
Estrago que começou com o pessoal do jornal O Pasquim, o grande órgão de oposição do Governo militar, aquele que tinha coragem e competência para dizer verdades com talento.
Era formado por grandes intelectuais, nenhum jornalista formado.
Grandes intelectuais. Que erraram, acertaram, como qualquer jornalista profissional.
Formados ou não.
Com Kito Junqueira:Um astro,e bastante talentoso
Com Kleiton e as pernas do Kledir no Palace
Grandes compositores ,dos melhores

terça-feira, 2 de outubro de 2012

CLASSICO E TRADICIONAL

Em outubro de 2009,pedipara Silvio, do blog Meridiano Sangrentos, que está linkado na minha lista de preferidos que escreve sobre o ele considera clássico e tradicional
Eis seu texto:
O cara escreve muitooooo


"O mundo dá mais voltas que conseguimos acompanhar. Celular sem bateria; um dia sem msn; uns minutos sem trocar e-mails ou torpedos; impossibilidade de baixar mp3s; melhor o Inferno de Dante, diriam não só os jovens, mas também as crianças, os de meia-idade; os idosos. Como imaginar a vida sem internet? Minha mãe esperando na janela meu pai chegar, enquanto cuidava das roupas, dos filhos pequenos, matava uma galinha, arrancava uma cenoura do chão. Minha mãe não conheceu a internet, feliz dela? Creio que não. Imagino ela hoje, ainda esperando meu pai chegar, conversando com seus filhos e netos em São Paulo, com seus filhos e netos em Cuiabá, com seus filhos, netos, bisnetos, irmãs em Campo Grande, ela, com certeza, se sentiria bem mais completa se tivesse tido a oportunidade de algo tão futurista.

Uma vida bucólica como era da minha mãe, será, num futuro próximo, um grande hit. Fazendas ecológicas, em que o contato com a natureza, liberdade, vagarosidade, será o tradicional em voga. Serão as sacristias da modernidade galopante. Templos em que se oficiará as novas missas. Computadores ultra-high-techs, laptops mega-powers, celulares-câmeras 24 horas online, mp20, tudo desligado. Rede, só as que dormirão sonos reparadores os visitantes ilustres, ou melhor, os viciados da modernidade, ou seja, quase todo mundo.
Outra tradição de um futuro próximo será o se doar. Ser ou estar em ONGs fará toda a diferença. Dos bagres mandis do rio Paraguai aos moradores do mangue da Polinésia. Das Genis dos becos ou as de luxo às pessoas que nunca passaram num concurso público. Dos gnomos e fadas aos políticos anônimos. Todo mundo terá alguém pra chamar de seu. Algo como um bolsa-família monumental. Doar R$ 7,00 para o Criança Esperança que nada. Um mundo mais glorioso será quando todos, tradicionalmente, além da sua jornada de trabalho, partilharem de leituras de livros para cegos analfabetos. Oh, o mundo estará melhor assim? É claro, mas quem não gostará muito serão os totalitários de esquerda que perderão um nicho do seu mercado, no vale-tudo pelo social.  

O Carnaval vai sobreviver. Ele, que não é mais o tradicional que conhecemos, mas vai viver e mostrar mulatas ainda rebolando quase sem roupas; celebridades com a pele pintada; comunidades em transe. O carnaval ainda vai ser algo que chamará a atenção do mundo, pois, nós somos o país do futuro, do samba, do futebol, da banana, do pré-sal e de todos os clichês possíveis, não seria justo a maior festa pagã que temos sucumbir assim assim. Que acabe o futebol, essa farra de obtusos desmilinguidos, correndo atrás de uma bola em arenas de concreto e gramados verdes como um pasto, tá, melhor não também, precisamos de toda distração possível para o povo (esse ente infeliz que sofre e sorri ao mesmo tempo que tem seus sentimentos usados pelo pelo bando da hora).
 Manteremos outras tradições. Aqui não aprenderemos a tomar o chá das cinco londrino, mas salvaremos as que mais nos representam. Pão com mortadela. Casamento na Igreja. Sentar num bar para jogar conversa fora. Festa de debutantes. Café com pão de queijo. Churrasco no fim de semana. Show caipira em festa agro. Pudim de padaria. Trote aos calouros. Banda de escola. Assistir novelas. Postar o novíssimo e revolucionário texto, que não vai ser lido por quase ninguém. Manteremos muitas das nossas tradições: da cidade, do estado, do país, pois somos saudosistas de plantão e nada como uma festa junina pra alegrar um espírito.
 Já dizia um ilustre escritor: "modernos são móveis velhos e neuroses novas", e clássico o que é? Hoje é tudo que tenha um mix de velho com um élan irrepreensível de novidade. Livros velhos, fotos velhas, fatos velhos, filmes velhos. Mortos famosos. Mortes antigas. Gênios reais e do marketing pessoal. Coisas não tão vistas mas que se materializam e assombram a todos; isso é o clássico de hoje. Mas clássico mesmo num futuro próximo será tudo aquilo que conseguir burlar o tempo atual - eis o grande senhor do mundo: o Tempo, será ele o Deus tão procurado? Aquele que sobreviver à ditadura do já será o clássico do futuro. Quem sobreviverá? Twitter? Kaká? Fast food? Kuat Eco? Obama? U2? Susan Boyle? Faustão? Naruto? Paulo Coelho? Fotografia digital? Clássico, será sempre aquilo que surge e muda tudo ao redor; quebra barreiras, é imitado, e o simples fato de sabermos que existe ou existiu, nos transforma ou transformará. Como um filme do Carlitos. Como Homero e Shakespeare. Como ver Mané Garrincha colocando pra sambar um bando de joões. Hitchcock. Beatles e Ramones. All Star. Arroz feijão bife batata frita e salada. Coco Chanel. Jeans. Como Machado, Kafka e Borges, que aliás empresta o nome de um conto seu para o texto todo."