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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

HISTORIAS DE CARNAVAL II

Depois dos 15 anos, morando em Ibitinga, já podia ia aos bailes á noite, devidamente escoltada pelo Neto, meu irmão.
Primeiro problema á resolver: dinheiro para o ingresso, éramos três, não era barato, e a grana em casa era curta.
Lança perfumes suspensos, as mesmas marchinhas continuavam, e chegaram”Quanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão.”.
As músicas do Silvio Santos: ”DR eu não me engano, meu coração é corintiano.”.
“Me dá um gelinho aí, eu vou á cem por hora, se não parar o calor, eu jogo a roupa fora”.
Adoniran Barbosa : “Vila Esperança, foi lá que eu passei o meu primeiro carnaval. Vila Esperança, foi lá que conheci Maria Rosa, meu primeiro amor.."
 Caetano Veloso, chegando, e tornando os trios elétricos populares com “Não se esqueça de mim, não se perca de mim, não desapareça, a chuva está caindo e quando a chuva começa, eu acabo perdendo a cabeça”
“Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu quem já botou pra quebrar, aprendeu, que é do outro lado do lado, lado de lá”.
“A Praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião. O frevo novo, o frevo, o frevo novo, todo mundo na praça, querendo brincar no salão”.
Já pintava climinha de paqueras, dançávamos com as amigas esperando o “galã” da vez nos chamar para dançar.
No carnaval, já tinha direito a maquilagem, batom, shorts, frente única.
Com as amigas criávamos bloco de carnaval,aliás, o que adolescente mais gosta é de fazer tudo em bloco,não é mesmo?
 Pois é, fazíamos a fantasia onde imperava a originalidade, e criatividade para não ficar muito caro. A que fez mais sucesso foi a de Pedrita .
Túnica amarela de cetim,as pinceladas tinta preta imitando a estampa de onça, ossinho na chuquinha do cabelo,
 Certa vez, nos fantasiamos de David Bowie, naquela famosa capa do disco,onde ele aparecia com uns raios coloridos pintados no rosto.
Certa vez, eu minha amiga Lilá, minha irmã Liliana, estávamos cheia de expectativas, encontros marcados com paqueras, para noite de segunda feira, roupas especiais. No domingo, brincamos carnaval a noite toda até as 4 h da manhã, como queríamos ficar lindíssimas bronzeadas, por volta às 8hs fomos até chácara de uns amigos, que tinha piscina, o que era raro na época, fomos á pe, caminhando, e garanto que ela era bem longe da cidade. Uma caminhada e tanto. Mas nos bronzeamos e ficamos por lá até 13 hs, voltamos de carona, almoçamos, preparamos a roupa que iríamos usar nesse dia, e por volta das 17hs nos deitamos, as três, no meu quarto, recomendando mil vezes para minha mãe nos acordar ás 22hs para nos prepararmos para grande noite.
O SR Juvenal, pai da Lilá, por volta das 22hs, foi até minha casa, procurando pela filha, minha mãe disse que estávamos dormindo e que já iria nos acordar. Seu pai,disse: “elas estão cansadas, passearam o dia inteiro, já foram no baile ontem, deixe que durmam. Minha mãe CONCORDOU.
No outro dia de manhã, acordamos assustadas, com a sensação de estarmos atrasadas. Minha mãe disse calmamente: O dia já amanheceu nada de baile. o baile já foi.
 Socorroooo!!!
A nossa tristeza, nossa decepção foram indescritíveis.
Engraçado, nessa idade, 16/17 anos, os valores são tão distorcidos, naquele momento, aquilo era o que tínhamos de mais importante para fazer, era o que de mais importante podia nos acontecer. Sem contar,que nos anos 70, era muito comum em feriados prolongados virem “mocinhos” de SP para o interior.
Hoje isso não acontece mais.
 O cara da cidade grande,acha um tédio passear por cidades pequenas.
A nossa caipirice, ingenuidade, tinha até certo charme, muitas amigas acabaram namorando e até se casando com esses amores de carnaval.
Eu fiz alguns amigos assim, mas nunca tive namoros de carnaval.
Dessa época, os momentos mais marcantes, além dos blocos de fantasia, foram a paquera que comecei com o Guta, que foi meu amor platônico de toda uma vida, de doces lembranças, e a foto marcante que ficou foi a que estou dançando animadíssima, abraçada com meu amigo Beto, lindo, que depois viria ser conhecido pelo menos em todo estado de SP, como Carlos Tramontina, repórter ainda hoje do Globo, hoje apresentando o SPTV 2º edição. Ele continua meu amigo e continua lindo. Era um folião animado.
Acho que curtir carnaval foi uma coisa típica da idade, ou foi algo característico daquela época.
Só sei que isso foi passando,o encanto acabando, a vida mudando, as prioridades se reescalonando e tudo passou para outro enquadramento
Mas tudo valeu a pena!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

HISTÓRIAS DE CARNAVAL PARTE I

Lógico, que quem tem cinqüenta anos tem muitos carnavais para contar.
Quando criança, as primeiras lembranças carnavalescas são das matinês do clube de Tabatinga, e o carnaval apesar de ser apenas em clube, era uma festa democrática,a entrada na matine, era liberada para todos.
A grande preparação era providenciar tecido e costureira para fazer um shortinho combinando com a blusinha, ás vezes um colar de havaiana, umas garrafinhas que espirravam água, ou liquido vermelho, que a molecada chamava de “sangue do diabo”, e era o terror das mães: manchavam roupas.
Opa! Ainda havia lança perfume.
Mas nunca pude comprar um, era caro para meus padrões, mas adorava o cheirinho bom no ar.
A banda local, tocava aquelas marchinhas “Hei, você aí, me dá um dinheiro aí”.
“Ô jardineira, porque estás tão triste, mas o que foi que aconteceu”?
“Se a canoa não virar, olé, olé, olá, eu chego lá”.
“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele? Será que ele e´?”
Confete e serpentina eram obrigatórios. E mascaras; De palhaço, monstros, colombinas.
O momento de maior impacto era a chegada do Rei Momo.
As crianças ficavam ao redor, ele fazia um pequeno discurso e já ia para outra cidade.
E haviam as famílias mais abastadas que faziam fantasias para as crianças.
Ainda não existiam prontas para vender. Índias, colombinas, bailarinas, baianas.
Brilhos e paetês.
Eu adorava ver e curtir isso tudo.
Quando digo que era fácil ser pobre em Tabatinga, é porque não tinha como haver discriminação social: o clube era um só, a escola era uma só para todos, a loja de tecidos, o que diferenciava era a criatividade e alegria de cada um, e isso dinheiro não compra…
De cada fase, tenho uma foto que marca bem a época.
Das matines de Tabatinga, tenho a foto em preto e branco eu de mãozinhas dadas com minha irmã Liliana, com os já falados conjuntos de shorts, confetes pelos cabelos.
Numa cidadezinha onde nada de novo acontece, a oportunidade de uma festa desse tamanho, era um momento único, era muito esperado, e eu e minha irmã não nos fazíamos de rogadas, cantávamos e dançávamos muito.
Pura diversão. Diversão pura.