Páginas

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

NÃO É A MAMÃE

Tenho uma historia complicada com o famosos instinto maternal.Dificl de entender,dificil de explicar,mas vou tentar.
Fico vendo anúncios, programas de TV, palestras, igrejas, enfim, tudo e todos falando do sacrossanto ato de ser mãe.
E tudo isso me soa tão estranho… Nunca fui capaz de entender porque nunca quis isso para mim.
Sinto me diferente das outras mulheres.
Aquele instinto maternal que todas dizem sentir desde sempre, eu nunca tive. Seria então, uma mulher, um ser humano menor?
Sempre ouvi que uma mulher só se torna completa ao ser mãe.
Eu fazia cara de paisagem, meio que concordando, mas caramba eu não sentia, não pensava assim. Vejo mulheres que não podem ter filhos, se sentindo infelizes,fazendo tratamento para engravidar, fertilização em vitro , e juro, não entendo. Queria entender.Não consigo.
Quando criança, nunca gostei muito de brincar com bonecas. Brincava porque as amiguinhas e minha irmã, sugeriam a brincadeira, mas não me divertia muito.
E ficava muito intrigada com a figura de mulheres grávidas, com as barrigas crescendo, achava feio, nunca fui partidária de achar mulher grávida uma visão meio que celestial, nunca concordei que “toda mulher fica linda grávida”. E sempre fiquei apavorada, sem entender como poderia sair de dentro de mim, outro ser humano.
E a dor? Vendo nos filmes, aquelas caras de dor, choro e sofrimento, ficava ainda mais assustada.
Até hoje não consigo ver nem em novelas cenas assim.
Como nunca quis ser mãe, se sempre fui uma pessoa generosa, solidária, práticamente criei meus irmãos? Tenho com eles uma relação até meio esquisita, faço por eles absolutamente tudo, faço todos aqueles sacrifícios que dizem que só mãe faz.
Muitas vezes acho que nem sei separar o “ser prestativa” do ser “intrometida”.
Com todos os três, devo ter ultrapassado essa linha mil vezes.
Nem posso dizer que não gosto de crianças.
Ao contrário do Décio, nunca fiz muito sucesso com crianças, mas tenho paciência e carinho com elas.
Quando me casei, sempre deixei claro que não queria filhos. O Décio já tinha um filho do primeiro casamento, talvez por isso não tenha insistido muito, e dizia que um dia a vontade de ser mãe apareceria, que era inerente da mulher.
 Nunca aconteceu e nunca me arrependi por isso.
Já tentei a teoria que nunca quis ter filho por ter me dedicada muito aos meus irmãos, ajudei mesmo minha mãe a cria-los, que eu já devia estar cansada, não sei.
Certa vez, a Alcina, uma das minhas melhores amigas, que conheci aos 18 anos, me disse que NUNCA, tinha ouvido eu falar sobre ter filhos, nem mesmo a frase banal que todos usam quando vão dar exemplos, tipo” quando tiver meus filhos, farei isso,ou aquilo”.
Só então me dei conta que nunca mesmo, tinha sequer cogitado a hipótese.
O que será que há comigo?? Nem posso dizer que isso me intriga muito, porque já fiz terapia por tempo razoável e sempre que posso volto, e nunca nem discuti o tema.
Sempre me preocupei mais em ser filha, que ser mãe. Sou o que os pais chamam de “Filha de ouro”…
Continuo achando estranho a relação da humanidade com as Mães.
Sigo achando que há muitas mulheres más que se tornaram boas mães, que há muitas boas mulheres que não são boas mães, e há claro, e graças à Deus, as boas mulheres, que são boas mães.
Não acho que a maternidade santifica .
Acredito na vocação de mãe, no instinto maternal, mas eu confesso constrangida que não nasci com ele.
Provávelmente, quem mais perdeu com isso, fui eu mesma. Vou morrer sem saber.

4 comentários:

  1. Picida, as pessoas sempre vão cobrar: se não tem filhos, o porque de não ter. Se tem só um filho, "quem tem um não tem nenhum" (já ouvi essa pérola), e por aí vai.
    Também acho que não há nada "sublime" nem "sacrossanto" em ser mãe. Pelo menos para mim foi natural como deve ser com as fêmeas de toda a espécie.
    Amo meu filho e faço tudo por ele. Mas continuo não tendo paciência para crianças hehehe
    Tem mulheres que são mães e nunca deveriam ter sido. Tem outras que são mães sem nunca terem carregado um filho.
    Acho bobagem essa cobrança da sociedade em relação às mulheres.
    Mas eu tenho que admitir que fiquei muito bonita na gravidez, sem falsa modéstia,hehehe
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. DEcio, o marido costuma dizer que tenho instinto de mãe, cuidadora, enfim que sempre fui mãe...
      Sabe-se la...

      Excluir
  2. Brilhante, Picida!!!
    Eu partilho desta opção, sabe, né..e também das cobranças.
    Acho uma estupidez este sentimento social "só as mães vão para o céu"...tem mães que merecem o inferno. e muitas não mães merecem o céu.
    Venho pensando muito nisto tudo. Estou sofrendo o diabo com endometriose profunda. às vezes, passa pela minha cabeça, que isto é um castigo por não ter sido - nem ter tido vontade - de ser mãe. Também vem uma revolta tremenda quando vejo mães que jogam o filho na sarjeta, procriam sem ter condições de criar dignamente uma criança - seja por fatores financeiros ou emocionais. Me pergunto: por que não é esta vadia é que tem endometriose (que além da dor, gera infertilidade)..
    Enfim, são pensamentos bestas, mas difícil não tê-los ao passar pelo que estou vivendo.
    Não sinta que perdeu por não ter sido mãe. Há vida e recompensa de diferentes origens. Há missões e realizações em muitos âmbitos.
    No meu caso, a alegria e recompensa vem dos meus cães, meus companheiros de todas as horas, os seres que me completam, dão significado a minha existência.
    bjs!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Qdo falo sobre o assunto, assumir que não teve filhos por opção, é como "sair do armário": Uma dificuldade
      Somos julgados por isso.
      Estou com problemas endometriosse tambem. DEpois te conto
      Melhoras pra vc
      Volte logo para blog/facebook.
      Voce faz muitaaaa falta !!!

      Excluir