 Lógico, que quem tem cinqüenta anos tem muitos carnavais para contar.
Lógico, que quem tem cinqüenta anos tem muitos carnavais para contar.Quando criança, as primeiras lembranças carnavalescas são das matinês do clube de Tabatinga, e o carnaval apesar de ser apenas em clube, era uma festa democrática,a entrada na matine, era liberada para todos.
A grande preparação era providenciar tecido e costureira para fazer um shortinho combinando com a blusinha, ás vezes um colar de havaiana, umas garrafinhas que espirravam água, ou liquido vermelho, que a molecada chamava de “sangue do diabo”, e era o terror das mães: manchavam roupas.
Opa! Ainda havia lança perfume.
Mas nunca pude comprar um, era caro para meus padrões, mas adorava o cheirinho bom no ar.
A banda local, tocava aquelas marchinhas “Hei, você aí, me dá um dinheiro aí”.
“Ô jardineira, porque estás tão triste, mas o que foi que aconteceu”?
“Se a canoa não virar, olé, olé, olá, eu chego lá”.
“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele? Será que ele e´?”
Confete e serpentina eram obrigatórios. E mascaras; De palhaço, monstros, colombinas.
O momento de maior impacto era a chegada do Rei Momo.
As crianças ficavam ao redor, ele fazia um pequeno discurso e já ia para outra cidade.
E haviam as famílias mais abastadas que faziam fantasias para as crianças.
Ainda não existiam prontas para vender. Índias, colombinas, bailarinas, baianas.
Brilhos e paetês.
Eu adorava ver e curtir isso tudo.
Quando digo que era fácil ser pobre em Tabatinga, é porque não tinha como haver discriminação social: o clube era um só, a escola era uma só para todos, a loja de tecidos, o que diferenciava era a criatividade e alegria de cada um, e isso dinheiro não compra…
De cada fase, tenho uma foto que marca bem a época.
Das matines de Tabatinga, tenho a foto em preto e branco eu de mãozinhas dadas com minha irmã Liliana, com os já falados conjuntos de shorts, confetes pelos cabelos.
Numa cidadezinha onde nada de novo acontece, a oportunidade de uma festa desse tamanho, era um momento único, era muito esperado, e eu e minha irmã não nos fazíamos de rogadas, cantávamos e dançávamos muito.
Pura diversão. Diversão pura.
Numa cidadezinha onde nada de novo acontece, a oportunidade de uma festa desse tamanho, era um momento único, era muito esperado, e eu e minha irmã não nos fazíamos de rogadas, cantávamos e dançávamos muito.
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