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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SOLTANDO OS BICHOS

Minha paixão pelos animais foi chegando de mansinho, mas foi arrasadora.
Quando criança, morando em Tabatinga, o primeiro bichinho que me vem á memória, é de um periquito, levado por meu pai.
Bonitinho, esperto, até falava, juro, mas ele era do meu pai. A amizade, o envolvimento era entre os dois, eu acompanhava meio distante, mas gostava.
Lembro- me que ele morreu no mesmo dia que o então Presidente Castelo Branco.
Uma associação feita na infância, que ficou para sempre. Talvez tenha sido pelo feriado.
Depois, apareceu um gatinho, nós adotamos, e eu adorava enganar minha mãe e leva-lo para dormir comigo,
Era uma disputa. Eu e a minha irmã brigávamos por ele. Uma graça.
Um dia ele foi atropelado e morreu, em frente minha casa. Todos nós vimos. Foi muito triste. Foi o professor de educação física, quem cometeu o crime, e por todos os anos que morei lá, nunca consegui simpatizar com ele, guardei dele uma raiva eterna.
Certa vez, ganhamos um pintinho amarelinho, coisa mais linda, o batizamos e tudo.
Ele foi crescendo, ficando desengonçado, cara de frango mesmo, e certo dia, lá estava ele na panela.
Eu sei que minha mãe estava criando-o com essa finalidade, era muito comum nas cidades do interior, criar galinhas no quintal, e depois, na época, frango era uma iguaria, de “almoço de domingo”.
Mas eu e meus irmãos choramos muito, não conseguimos comer, e ficamos bravos com minha mãe por alguns dias.
Quando, aos 15 anos viemos morar em Ibitinga, meu pai ganhou um pássaro preto.
Uma relação só dos dois. Meu pai lhe dava comida, carinho e ele fazia festa para o meu pai. Ponto.
Ele viveu muitos anos. Muitos mesmo. Morreu de velhinho.
Nessa fase, meu irmão, o Neto, ganhou de uma amiga, uma cachorrinha Maltês, toda branca, que em homenagem á amiga, ganhou o nome de Mônica.
Hoje me pergunto como alguém dá um cachorro assim, sem menor sofrimento?
Mas ela deu, e todos em casa adoraram. Ela era linda, carinhosa
Lembro-me que a criávamos como eram criados os vira-latas de então.
Comida normal, rua á vontade, muitas brincadeiras e carinhos.
Quando ela morreu, eu já estava morando em SP há uns quatro anos, e visitava-a sempre.
Quando minha mãe me deu a notícia, foi uma dor tão grande, tão inexplicável, que não quis mais saber de bichos de estimação. Ignorei-os totalmente. Deletei.
E pensei que tinha sido para sempre. Ainda bem que eu estava enganada.
Quando me casei, o Decio fez questão de morar numa casa. Ele na maioria de sua vida tinha morado assim. A idéia pareceu-me absurda á principio, mas gostei dela, quando um amigo, Pavel, apareceu com um poodle branco.
Estava á venda e não era barato, poodles não eram comuns.
Era cachorrinho de “madame”. O Pavel propôs “CREDICÃO”. Pagamento parcelado. Minha irmã, Liliana escolheu o nome: Alf.
Na narrativa de minha vida, muitas vezes o Alf vai se fazer presente.
Foi uma paixão, uma grande amizade. Foram 15 anos juntos, de muita companhia , alegria, carinho.
Ele mudou a vida de meu pai, até então, um homem deprimido, recluso, que foi À primeira ceia de natal na minha casa, porque havia comprado uma bola de presente para o Alf, viajou conosco para uma casa de campo, para ver o Alf nadar, saía para passear de carro, porque o Alf gostava ,fez amigos por causa dele, e criaram laços eternos. O Alf gostava de mim, do meu pai, mas amava mesmo o Decio
Quando o Alf morreu velhinho, cego, alguns meses depois de meu pai, eu e o Decio, nos demos conta, que nunca tínhamos ficado sozinhos, sem ele em casa, a solidão ficou maior!
O Decio chorou muito afirmando que perdera o melhor amigo.
Paralelo à convivência com o Alf, tive a Dani outra poodle branca, também adquirida á prazo, que ficou conosco por uns 6 anos, teve filhotinhos com o Alf, que eu doei ou vendi para quem depois de muita análise tivesse confirmado seu amor por animais. Eu costumava dizer que só liberava os filhotes para quem deixasse subir na casa, prova de amor e loucura.
Também tivemos a “Pretinha”, uma vira lata comum, que apareceu ainda filhote na minha casa e foi encontrada pelo meu pai.
Dividimos a guarda dela, o meu pai a adorava, mas ela não durou muito.
Ela havia chegado doente, a tratamos e conseguimos curar, morreu um ano depois, deixando todos tristes, e meu pai prostrado.
O JR irmão do Decio, deu um boxer para meu pai. Lindo. Perfeito. Alegre.
Mas meu pai teve de da-lo para mim, porque á medida que ele foi crescendo, passou á ser um risco para meu pai, com seu braço de hemodiálise.

O Bob morreu garotão, uns dois anos de doença cardíaca, comum em cães dessa raça.
Meu pai, teve mais dois gatos, que ele adorava.
Quando envenenaram o primeiro, meu pai chorou bastante. O segundo gato ficou sob meus cuidados, quando meu pai morreu.
Acreditem, que ele também foi envenenado???
Na volta para Ibitinga, fiquei um tempo sem cães e gatos.
E aos poucos, fui recolhendo uns amiguinhos pela rua.
Primeiro a Xulita, vira lata simpática e horrorosa, que chegou á minha rua, magrinha, feia, e foi ficando, por uns 9 anos, agora morreu.

A Dani (Homenagem á Dani anterior, que gostava muito de mim, mais que do Décio), uma Fox Paulistinha, que luto anos contra uma infecção bucal, que em rondas por veterinários não consegui curar, mas consegui manter sob controle por longo tempo.

O Bob (Homenagem ao boxer anterior) outro cão recolhido da rua,era um cahorro muito simpatico, que mesu vizinhos adoravam,bonachão, guloso, adorava musica. Qunado o som estava ligado, ele se deitava ao lado as caixas de som e de lá não saia nem para comer. Juro mesmo. Se fosse musica clássica e jazz,então...
 A Judy, uma linda e elegante Husky Siberiano, olhos de Ana Paula Arósio, não se importa muito comigo, tinha fixação pelo Décio, mas eu a paparicava mesmo assim.

A Sofia, é uma Labradora linda, cor de caramelo, simpática, folgada, amorosa, presente do Décio para meus sobrinhos Daniel e Gabriel há 7 anos atrás, mora com eles. Só para não contrariar a maioria, ela adooora o Décio.
Tenhop a Naomi, uma vira lata preta, muito serelepe e simpatica
Sem esses meus amigos, não sei se teria conseguido assimilar a dor da mudança, da volta para o interior.
Eles preencheram os espaços de carência, saudades dos amigos, do trabalho,
Em muitos momentos de minha vida, me fizeram companhia, trouxeram-me risos, enxugaram lágrimas.
Despertaram, intensificaram o que há de melhor em mim.
Parceria, companheirismo, amizade, dedicação.
E fizeram com que eu passasse a olhar com desconfiança, quase preconceito, quem não gosta de animais.
Apesar de meu amor por eles, não virei vegetariana.
Não como coelhos, cabritos e carneiros, mas quando vejo um bife, um churrasco, esqueço tudo…
Certa vez, numa festa, uma amiga me ofereceu um pedaço de carne de carneiro.
Recusei e expliquei que nunca comeria um carneiro, que me lembra um poodle. Ela na mesma hora disse que comeria um poodle, se alguém dissesse que é carneiro.
A verdade e limite de cada um.
Com carinho, admiração e respeito para Karen do blog http://cafenatiffanys.wordpress.com/

2 comentários:

  1. Ah, Picida, me fez chorar...lindo.
    Sempre digo que cada um destes seres maravilhosos que passou em minha vida são parte de mim, pois me ensinaram demais.
    E apesar da dor de suas perdas, este companheirismo sem igual, valeu cada segundo.
    Bjs!

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  2. Eu sei bem como é essa convivência, e a dor da perda qdo eles partem, já tive muitos gatos e cães, os gatos, bem, indivíduos q ñ são humanos diga-se de passagem deram veneno e apenas uma ñ morreu assim, acredito em justiça divina e um dia hão de pagar, já com os cães tivemos bem mais sorte, uns viveram bastante mesmo, 16, 11 anos, outros nem tanto, 3 e 5 mas tempo o suficiente pra aproveitarmos sua estadia aqui na terra, ñ querendo desmerecer as amizades humanas, mas a única coisa q eu gostaria próximo de mim em alguns momentos é um animal, eles sabem melhor q qualquer pessoa o q precisam fazer pra nos confortar, ñ falam, sei disso, mas só o olhar deles ou a presença já é mais a o suficiente, tenho 2 com minha mãe, pois qdo me mudei pra cá ñ pude trazer, e é a melhor coisa q poderia ter feito pra minha mãe, já aposentada e sozinha sem eles acho q ela poderia até adoecer, muito melhor ter um irmaozinho de pelo q um coração peludo, abraço.

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