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terça-feira, 28 de agosto de 2012

NAQUELES DIAS

De novo,escrevendo inspirada em temas que vi no blog vidamaria.blog.terra.com.br da Mari.
Ela escreveu um post sobre a primeira menstruação e a menopausa.
Impossível não falar das minhas experiências nesse tema. Para uma mulher que hoje tem 56 anos, tudo era tão diferente… Não havia nenhuma informação sobre sexo. Não consigo me lembrar até quando acreditei na cegonha. Tudo era um mistéeeriooo.
Lembro me de como ficava intrigada quando via nas pagina das revistas um anuncio sobre absorvente. Céus!! O que era absorvente?
O anuncio de página inteira, desenvolvia-se como se fosse uma fotonovela, e era coberto de enigmas.
Começava com o galã convidando a heroína para uma festa, e ela com um olhar tristonho, recusava e comentava toda chorosa com uma amiga, que estava “NAQUELES DIAS”. Essa frase era repetida várias vezes. “NAQUELES DIAS”. Que dias seriam ???
Oras, a mocinha estava menstruada, e não podia sair de casa, se sentia insegura.
Então, a amiga sugeria que ela usasse o absorvente MODESS e fosse à festa.
Assim é feito. Ela vai toda alegre e saltitante á festa com o namorado e depois aparece feliz contando para amiga que se divertiu na festa e agradecendo a dica. Mas, assim, toda cheia de mistérios e duplos sentidos. Eu não entendia nada…
Na minha primeira menstruação, eu tinha 12 anos, morava em Tabatinga e estava de férias na casa dos meus avós em Ibitinga.
Eu nunca tinha ouvido falar no assunto.
Fui tomar banho, vi um pouco de sangue, me assustei.
O que estaria acontecendo??? Eu ia morrer???
Calada, fui lavar minha calcinha no tanque, coisa que eu nunca tinha feito. Minhas tias estranharam…
Na hora do jantar, eu continuava calada, vivendo momentos de angustia. O que estaria acontecendo comigo?
Não quis jantar. Minhas tias estranharam de novo, e quando me perguntaram eu tinha, comecei a chorar.
Aí começaram as perguntas:
”Você está com saudades de sua mãe?”
Eu negava com a cabeça.
“Brigou com alguma amiga?”
Negando e chorando. Não, não, não.
“Quer isso, quer aquilo?”
Só negando com a cabeça: não, não e não.
E assim, se passou algum tempo. Perguntas, choro e negação.
Então minha tia Cleide, me chamou até o quarto, só nos duas e me fez a pergunta crucial:
“Por acaso, saiu um pouco de sangue?”
Sim claro, como ela sabia?
Ela juntou as figuras do quebra cabeça: minhas lágrimas e a estranha atitude de lavar a calcinha. BiiingoOOOOOO.
Ela perguntou, se eu estava sentindo cólicas, depois de me explicar o que eram cólicas. Não sentia, mas respondi que sim, achei que ficaria mais importante.
Perguntou se eu queria me deitar, colocar os pés pra cima. Agora eu dizia que sim, para tudo.
Me deu absorventes. Finalmente!!!
À noite, os vizinhos puseram cadeiras na calçada como era costume, ficaram conversando e de vez em quando eu via uns cochichos: ela ficou”mocinha”.
Fiquei mocinha, nas férias de julho de 1968.
Mocinha, correndo e brincando pelas ruas.
Todo o resto fui aprender muuuuuito tempo depois. Outros tempos.
Nem melhor, nem pior.
 Outros tempos…

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