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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

VALE A PENA VER DE NOVO

Siiiim. Já houve um tempo em que os mais prosaicos eletrodomésticos foram sonhos de consumo, objetos de desejos, símbolos de status.
E não estou falando de sofisticados home teathers, lap tops, computadores, TVs de tela plana.
Podia ser geladeira, liquidificador, enceradeira, e até um acessório como panela de pressão.
Telefone então, era alto luxo, é para um outro capítulo.
Hoje é a vez dos televisores.
A primeira vez que tive contato com a existência de TV foi quando meu Tio Rosalvinho trouxe de SP para Ibitinga um aparelho de TV, que virou atração na cidade.
A casa ficava cheia de gente, muita gente mesmo, tentando assistir a novela “O direito de nascer”.
Era um tal de virar a antena, tentando sintonizar melhor a imagem ou o som, quase nunca os dois chegavam ao mesmo tempo. Na cidade não havia antena retransmissora, tentar ver TV era uma epopéia. Não deu. Meu tio levou a TV embora.
A primeira experiencia de “televizinho” que tive foi na casa da D.Latif ás 5 feiras para ver Silvio Santos, com direito á petiscos, docinhos, uma festa.
Depois, o sr Mario Sgarbi, nas famosas quintas feiras passou a colocar a TV na sua farmácia, aberta ao publico. Era um acontecimento, muita gente, muita gente mesmo.
Eu chegava cedo para ter direito á banquinhos, mas tinha os que levavam banquinhos, cadeiras…
Sair á noite para ver TV nos vizinhos, implicava em primeiro, pedir para meus pais:”posso ir ver TV?”. Depois descobrir onde ir assistir, saber que vizinho estava acompanhando sua novela. Não que houvesse muitas opções, mas o vizinho poderia estar assistindo aquela outra, ou então nenhuma, TV desligada, o que seria o maior dos horrores.
O hábito de assistir TV com as luzes da casa apagadas, só com os reflexos azulados de sua luz, ajudava a saber se a TV estava ligada. “Posso assistir TV na sua casa?”
No interior de SP a TV Tupi reinava absoluta e um pouco de TV Record.
Na Tupi, assistia as novelas “Antonia Maria”, depois “A Fábrica”, Beto Rockfeller, sucesso estrondoso.
A primeira vez que uma novela teve trilha sonora especialmente criada para ela, com direito á Bee Gees , Beatles.
Lembro de uma cena em que o personagem Beto Rockfeller perde numa aposta uma moto que não era sua, e fica arrasado com um problemão para resolver e vai caminhando por uma avenida de SP, que depois eu soube ser a av Sumaré e toca a música “Sentada á beira do caminho”. A música é longa, tocou inteira, maior clima. Inesquecível. Depois vi numa entrevista, o Lima Duarte, que foi diretor da novela, contar que essa cena foi feita assim pra enrolar, eles estavam sem texto pronto  .
 Os closes no rosto belíssimo da atriz Bete Mendes, ao som da música  F. comme femme, tambem tinha a mesma funçaõ, cobrir buracos, mas ficava lindo. Plinio Marcos, grande ator, grande escritor, arrasava como o amigo Vitório. Momentos históricos.
Na Record, “Familia Trapo” “Jovem Guarda” e os festivais de MPB.
Momentos inesquecíveis. Que tempos eram aqueles, que numa cidadezinha do interior, uma criança de 10/11anos, acompanhava os festivais, torcia pelas musicas preferidas, decorava as letras?
Ver nascer Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Zé, Mutantes. Tentar compreender Geraldo Vandré. Inesquecível.
Inesquecível também, o programa “Cidade X Cidade” do Silvio Santos. Ibitinga X Guararapes. Ibitinga ganhou. A Tia Vera se apresentou num número, com várias mocinhas bonitas, com miní saia dourada, mini blusa decorada com grãos de milho, botas brancas, um luuuxooo!!!
Em Ibitinga ver TV nos vizinhos ficou mais fácil. Os vizinhos eram amigos, depois meus avós compraram TV e aí ficou moleza, a TV era como se fosse em casa, tudo de bom.
Flávio Cavalcanti e “Mulheres de Areia”. Ainda nada de TV Globo.
Inesquecível a ocasião que a cidade inteira parou para ver o filme “Os Pássaros” de Hitchicock e quando o filme acabou ninquem acreditava, o que aconteceria depois?E aquele passarinho voando sozinho? Ia voltar?Tinha continuação? Ligaram para TV Tupi, no dia seguinte pedindo explicações, a rádio da cidade teve que avisar que o filme era assim mesmo.
Quando a TV chegou á minha casa em branco e preto, já estava perto da TV colorida
Morando em SP, logo comprei para meus pais, que ainda moravam em Ibitinga, uma TV á cores. Uma glória!!! Minha mãe guardou esse aparelho de TV para sempre.
E morando em SP a TV perdeu um pouco de espaço na minha vida, mas sempre assisti novelas, seriados, especiais de música.
Continuo vendo TV, mas assim, quando não tenho nada para fazer, não deixo de fazer programa nenhum para ver TV, mas sempre que posso, assisto.
Da queda da qualidade dos programas de TV, falo outro dia.
E hoje a TV reina absoluta nos lares brasileiros. Todo mundo tem, e a maioria mais que uma.
Podem acreditar, eu já tive TV até no banheiro…
Agora,  tenho TV na sala tirei a do quarto.
E a história da minha vida se enrosca com as histórias de TV.
Programas, seriados, novelas .
 Fantasia e realidade se enroscando na minha vida, na minha história.

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