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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PARA BEATRIZ BOCCA

Conheci Pedro Bocca no início dos anos 70, quando comecei a estudar com uma de suas filhas: a Beatriz.
E através da Bia, conheci sua família, conheci toda a família.
Um homem que acreditava e praticava que SER era muito maior que TER.
Ele tinha a autoridade de pai e era amigo das filhas.
Nos anos 70, suas filhas tinham no pai, um amigo para falar de estudos, escolas, projetos, sonhos, amores e namorados.
Ele era um pai, que nos anos 70 falava com as filhas sobre tudo, sobre a vida.
Com as amigas das filhas também.
Sempre gostou de ler, falava pouco e falava bem. Um homem culto e intelectual, dono de humor sutil próprio das pessoas inteligentes.
Um bom pai, também bom marido.
Quando convivi com a família, observava enternecida sua dedicação à esposa.
Seus passeios de carro, num vistoso Opala marrom, no início da noite.
Quando Ibitinga ainda não tinha tido a expansão da indústria de bordados, ele tinha o maior escritório de contabilidade da cidade.
Por lá passaram e fizeram carreira Ibitinguenses de destaque, como Sebastião, o Tiãozinho, que depois virou professor no curso de contabilidade na escola de Comércio, Dirceu Fiorentino, que foi seu funcionário, formou-se professor de contabilidade e advogado.
Assim como eles, uma geração de contadores passou por lá.
Recentemente, conversando com uma funcionária sua, a Léia, ela falava de como gostava de trabalhar e conviver com ele.

Nos anos 70, passar férias na praia era um acontecimento e tanto.
Oportunidade rara!
E foi com ele e sua família que fui à praia pela primeira vez.
Nunca esqueci a alegria da viagem, o tratamento exatamente igual ao das suas filhas que ele me dispensava, mil fotos, mil risos e para mim, o até então, inédito churrasco numa paradisíaca praia deserta.
E dessa viagem, fez parte meu amigo Jose Roberto Zani e seus pais.
São histórias que foram vistas sob um olhar adolescente nos anos 70.

Histórias daqui, de nossa gente, nossa cidade.
Nunca esqueci as conversas, as lições, sua ética, seus conhecimentos.
Nunca esqueci um homem bom que mudou minha visão da vida, e apresentou-me a visão do mar.
* Texto publicado na Revista Multivisão mes 04/08

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