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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

TRILHA SONORA

Li no blog  ABACATE BATIDO sobre a experiência da autora ao ganhar seu primeiro CD.
Pela narrativa, ela já é da geração que não conviveu  discos de vinil. Já pensa em como e quando vai conseguir se desfazer dos seus CDs e passar tudo para esses novos aparelhos technos.
E mais histórias: “eu sou do tempo” e lugar onde até o disco de vinil demorou á chegar.
 Em Tabatinga, durante todo tempo que morei por lá 1961 a 1971, nem loja de discos tinha. Nenhuma. Nunca.
 Mas o rádio era de uma força e uma importância, sem medidas.
À cada lançamento, cada musica nova dos nossos cantores favoritos, a gente ficava com papel e caneta para ir anotando a letra.
Saber a letra e cantar junto, fazia parte do pacote.
As vezes a gente deixava em uma estação de rádio, em um  programa, onde já sabíamos que a musica seria tocada, outras vezes, ficávamos procurando pela musica no radio.
 Dias e horas. Barros de Alencar e Hélio Ribeiro.      
 Uma vitrolinha e alguns discos, a maioria Compactos, já virava bailinho.    
Emprestar um disco para um amigo, convidar uma turma  para ouvir os discos em casa, compartilhar.
Era emocionante!
Eu esperava pelos discos do Roberto Carlos a cada final de ano, que o Tio Rosalvinho dava de presente para Tia Vera infalivelmente. As 14 Maisno meio do ano.
Beatles sempre. Bee Gees. Jovem Guarda. E as musicas dos Festivais.  
Ouvir discos era um ritual, um momento mágico, onde você juntava (cada um levava os seus) e depois repartia, a gente ouvia junto, era uma lição de respeito ao outro, porque ouvia se gostos diferentes, mas você esperava e curtia esperar, a sua vez.
Havia respeito, admiração pelas capas, você esperava um tempão para vê-las,
Eu disse VE-LAS. TE-LAS já era outra história…
Prazer compartilhado com amigos e que reunia a família. 
Quando comecei a trabalhar em SP, em dias de pagamento de salário, era praxe dar uma passada em uma loja de discos. Todo bairro tinha uma boa loja, ou mais. O prazer de procurar, como se tivesse garimpando os lançamentos, as promoções.
As vezes comprar um LP por causa de uma única musica.  Minha loja preferida era no Top Center na AV Paulista, ao lado do Cine Gazeta. Um bom acervo e bons preços.
Mas havia os verdadeiros Templos….MUSEU DO DISCO, HI-FI 
Nesses, eu ia só para passear, os discos eram mais caros.  O cuidado para não riscar, envolver no papel de proteção, e só depois colocar na capa.  
Na casa das minhas tias, o limpador de discos, era uma almofadinha de veludo vermelho.  Ouvir musica, era um fato agregador importante .
O primeiro som que comprei (de novo no Mappin), três em um sabe o que era? Toca discos, toca fitas e radio AM/FM.
Caixas de som. Gradiente    
No pequeno apto da R Eduardo Prado, para mim, aquele era o som máximo.  
Uma sensação de conquista inesquecível. Momentos muito bons, ao som de festas, e momentos de solidão boa . A musica e você, nada mais.
Gal Costa, Djavan, Caetano, Milton, e Roberto Carlos.
Uma fase em que ouvi muito Elis Regina e John Lennon.
Walkman nunca gostei. Qual a graça?
Já estava casada com o Decio quando chegou  CD.
Ganhei o primeiro aparelho portátil a ultima das novidades, do meu irmão Zé Luiz, que estava de mudança para Londres, e deixou o dele comigo.
A principio, o mercado oferecia pouquissimas opções de CD. E era muito caro. Só os cantores com publico mais sofisticado gravavam CDs.
Peguei a fase dos “piratas”,  eu adorava.
O prazer de garimpar de novo, e escolher, escolher. Consegui valiosas preciosidades na pirataria:
Zizi Possi “Para Inglês Ver” Rod Stewart cantando clássicos da musica americana, e todos os Roberto Carlos com que sempre sonhei em CD.
Depois foram rareando, e não tanto pelo policiamento, e sim pela falta de mercado. Ninguém mais compra CD pirata. Agora, cada um faz o seu.
O Decio, meu marido, totalmente dependente da tecnologia, já tentou me enredar pelo I POD, MP 1/2/3… Pen Drive, sei lá mais o que. Tudo muito variado, tudo muito individualista.
As pessoas “baixam” as musicas, muitas, milhares, e nem tem oportunidade de ouvi-las. Por enquanto, vou curtindo meus CDs,  saudosa dos discos de vinil, e das musicas e das histórias vividas com com as musicas, vividas através delas.  
As histórias ficarão sempre comigo, já os hábitos… talvez os mude…    
Resta descobrir a vantagem do novo, nesse caso.  
Juro que estou buscando.

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