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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

VIDA QUE SEGUE

Uso meu blog para registrar minhas memória, para o dia em que ela me faltar.
E ela ja não anda lá grande coisa…
Foi com saudades e carinho que contei várias histórias ligadas á Tabatinga, pequena cidade onde vivi dos 5 aos 15 anos.
Apesar de vários contratempos familiares, financeiros, apesar de varios momentos e situações dificies, tenho lembranças boas da cidade, das pessoas.
Lembranças de pessoas que fazem parte da minha vida,e fui desfiando por aqui algumas dessas histórias.
Cheguei a reencontrar algumas  pelo blog, então valeu, mesmo!
Em 1971 quando ia fazer 15 anos, meus pais se mudaram para Ibitinga, que era minha terra natal, maior e mais dinamica que Tabatinga, mas e dai?
Eu não queria.
Não queria sair do unico mundo que eu conhecia e gostava.
Ibitinga era a cidade onde meus tios e avós moravam, bom para passar ferias, feriados e só.
Morar? Nem pensar…
Mas em uma época onde a vontade dos filhos sequer era consultada, eu vim.
Era uma boa oportunidade de trabalho para meu pai, numa revenda CHEVROLET.
Bom salário, estabilidade, essas coisas.
Odiei a ideia, chorei muito, e pronto: mala e cuia para Ibitinga.
Eu que sempre fui desinibida, me vi sem amigos na escola, me senti na mais profunda solidão.
Tinha a Lila, Efigenia, que eram vizinhas de minhas tias , amigas de ferias e só.
Para quem tinha deixado o mundo, a vida, em Tabatinga, era pouco.
Tive que fazer uns exames bobos de adaptação para entrar colegio em Ibitinga, cursos que em Tabatinga não tinha, graças a Deus: Corte e Costura (meu maior tormento) Orfeão (alguem sabe o que é isso?) canto/música
E nessas adptações conheci uma amiguinha na mesma situação vinda de Borborema, uma cidade vizinha, tão pequena, ou menor que Tabatinga.
Duas estranhas no ninho, deu o obvio: nos unimos, ficamos amigas.
Sueli Stuqui era uma morena bonita, alta, magra, cabelos negros, uma beleza diferente
Era alegre, educada e simpatica.
Depois que ficamos amigas, descobri que para meus padrões ela era rica: morava numa area nobre, numa casa grande, bonita, perto do colegio
Mas era muito simples, claro, era de Borborema, quase um vilarejo.
Ibitinga era uma cidade dificil de fazer amizade. Havia turmas fechadas, gente que se conhecia desde sempre
Nem havia aquela curiosidadde normal por gente que vinha de fora.
Eram eles, apenas eles e ponto
Uma cidade sectária, onde as "classes sociais" não se misturavam e quer saber? acho que é assim até hoje.
Os caras que se acham, da "alta" não se relacionam com quem  acham que não estejam na mesma altura.
Não frequentam mesmos lugares, não namoram entre si, nada? agua e oleo
Costumo dizer que foi em Ibitinga que descobri que era pobre, em Tabatinga eu achava que era todo mundo igual.
Quer dizer iguais, todos somos mesmo, falo do social e financeiro…
Por um bom tempo na escola ficamos assim: eu e a Sueli.
Ninguem falava conosco.
Os meninos começaram a rodear a Sueli: ela era bonita, mas muito timida, não dava trela para nenhum deles, mas educada e simpatica sempre.
Algumas coleguinhas começaram a rodear a Sueli: a casa dela era Muiiito bonita.
Mas ela, sempre muito simples, na dela e minha amiga.
Certa vez, o Presidente do Gremio do Colegio ( ser Presidente de Gremio nos anos 70) era tuuuudoo, Jacó Estroniolli, veio falar comigo:
" Voce é a Picida, irmã do Rosalvo, que escreve poesia?"
Sim , eu mesma.
Seu irmão me disse que voce faz poesia, e estamos organizando um concurso de poesias, premio em $$$
Obaaa!!!
Primeiro, me senti importante, o Presidente do Gremio em pessoa estava falando comigo, e ela era lindo,lindo!
Segundo: Premio em $$$ para quem vivia sem nenhum era de grande interesse.
Não fiz nenhuma nova poesia, inscrevi algumas dos tempos de Tabatinga.
A escolha foi feita por um juri formado pelos mais conceituados professores do Colegio, a entrega do premio seria no mais importante clube da cidade o CRI (onde a nata se reunia, olha o sectarismos aí gente!!) durante um baile
E para quem não sabe, baile nos anos 70 era tudo, não há balada de hoje que se compare!!!
E pronto: meu momento de glória: ganhei o concurso, ganhei premio em $$, comprei sapato novo, doces, chocolates, bugigangas.
Adorei!!
Subi ao palco, aplausos, e eu fazendo tipo modesta. Eu estava é feliz e me "achando".
Desse dia em dia, me acharam aqui em Ibitinga.
O Professor de Portugues Aristides Campassi, que nunca chegou a ser meu professor, começou a dizer nas classes para as quais lecionava que tinha adorado meus poemas, que tinha gostado muito do que eu havia escrito.
Professor Osvaldo Pagni Gelli, conhecido por seu senso critico, tambem fez o que hoje chamariamos de meu marketing pessoal.
Só elogios .Huuummm
Eu tinha 15 anos, me deem um desconto…
À partir de então, demais professores, colegas de classe, começaram a me ver com outros olhos, a falar comigo,e a querer ser meus amigos.
Tive poucos amigos por aqui.
Poucas lembranças doces e saudosas para contar.
Mas vou a´elas. As que foram importantes, as nem tanto, mas são minha vida, são minha história, e eu estou aqui para isso.

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