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terça-feira, 25 de setembro de 2012

PRIMEIRA VEZ

Tempos atras, Tatiana Rezende  falou em seu blog sobre o publicitário Washington Olivetto, e da campanha histórica do primeiro sutiã, que “a gente nunca esquece”.
E inspirada no que li, resolvi escrever sobre várias primeiras vezes da minha vida.
Aquele instante primeiro que ficou na lembrança para sempre.
Lógico que existem outros, existem muitos, mas esses que cito agora são inesquecíveis, eternos.
Começo com a fase de transição menina /mulher e o momento marcante do primeiro sutiã,
Eu era muito magra, mas desde os tenros 10 aninhos, os seios já davam sinais.
Como foi considerado muito cedo para que eu usasse sutiã, seria como dar um atestado de que eu era uma “mocinha”, e na minha casa ninguém queria isso, eu ganhei um corpete de malha canelada, com alças finas de cetim, com recortes no busto, enfeitado com rendinhas.
Só uns dois anos depois, meu sutiã chegou.
Eu morava em Tabatinga, minha Tia Cleide, levou logo três. Eram moderníssimos.
Já tinham o novo formato com bojo arredondado e com listras delicadas. Um de cada cor.
Listras amarelas, outro verde, e azul.
Os tres sutiãs colocados sobre a cama dos meus pais. Eu sozinha, escolhendo qual iria ser o primeiro.
Listrinhas amarela. Eu sozinha, fechada no quarto, num momento de total privacidade, coloquei a blusa branca do uniforme, rodopiei , olhando para o espelho, um momento inesquecível,
e fui para escola.
Fui me sentindo diferente. Alguma coisa tinha mudado. Eu estava diferente.
Era o ano de 1968 quando ganhei o primeiro sapato de salto alto.
Salto alto era maneira de falar, era um saltinho, só para anunciar que você estava quase chegando lá. Mas nunca esqueci, já falei sobre isso em outro post, era marron, bico fino, um lacinho.
Ele fez parte da transição. A primeira menstruação, que eu nem desconfiava o que era aquilo,achei que eu estava morrendo, que teria apenas mais algumas horas de vida.
E nessa fase de transição e descobertas, nada como a emoção do primeiro beijo
Eu tinha 13 anos, já estava com meu sutiã e sapatos de saltinho, morava em Tabatinga, vim passar férias em Ibitinga e estava de olho num menino de 15 anos. Mirinho Catalano, baixinho, magro, de óculos, mas eu gostei. Tinha senso de humor, era falante e inteligente.
Ele mandou um recado pelo amigo Orlandinho Raineri, se podia sentar ao meu lado no cinema.
O coração já ficou aos pulos, concordei na hora.
Sessão de cinema das 6, Cine Rio Branco, filme “Mogli, O Menino Lobo”
“Necessário, sómente o necessário, o extraordinário é demais…”
Entrei primeiro, guardei um lugar, e só quando as luzes se pagaram, ele sentou se ao meu lado.
No meio do filme, segurou minha mão. Senti um frio na barriga, e ficamos de mãos dadas, sem falar nada, sem nos olhar, inclusive.
Um tempo depois, um selinho, que quase nem selinho era, de tão sutil, tão rápido.
Durante semanas quando lembrava aqueles momentos, sentia tudo de uma vez.
Coração aos pulos, frio na barriga, mãos geladas.
Durou só essas férias, não houve outro selinho, mas nunca esqueci, principalmente as emoções que senti.
E das emoções inesquecíveis e primeiras, faz parte o primeiro baile, que era acontecimento máximo, escolher roupa mais social, maquiagem, saber dançar, de rosto colado até…
Primeiro baile de réveillon, primeiro amor, desses platônicos, da gente escrever nome no caderno, rodeado por um coração.
Gelar só em vê-lo passar. Passar em frente á casa dele, só para ver se ele está lá.
E das lembranças de amores, guardo com carinho, a primeira vez que dormi com o Decio.
Eu tinha 25 anos, ele já era um homem de 32, divorciado, um filho, sabia como teria que ser.
Nós já namorávamos há quase um ano.
Ele morava sozinho, assistimos “Casablanca” na Globo,
Creedo, ainda não existia vídeo cassete.
Ele foi o primeiro homem com quem eu dormi, o primeiro com quem eu acordei. Aliás, primeiro e único.
Ele levou café da manhã na cama, com florzinha e tudo. Esse homem não é o máximo?
Para não esquecer mesmo.
Já contei aqui, que nunca esqueci, a primeira geladeira que meu pai comprou, branca, arredondada na sala, que eu nem acreditava que tinha, que acordava para ver.
Já contei também da primeira vez que vi o mar em Caraguatatuba. Isso ninguém esquece.
Nunca fui de viajar muito, mas não esqueço quanto tirei as primeiras férias, depois de um ano trabalhando na Transport em SP, e fui ao Rio de Janeiro, de ônibus, com minha irmã Liliana e minha amiga Antônia.
Conhecer o Rio, as praias, primeira vez que me hospedei em hotel, foi inesquecível e inenarrável.
E coroando a viagem, primeira vez na casa de shows Canecão, ver um show do Roberto Carlos.
Tem noção? 19 anos e descobrir tudo isso?
E a primeira vez , aos 18 anos, chegando á SP?
Ver semáforos, trânsitos, elevadores, escada rolante,primeiro Shopping Center Ibirapuera recém inaugurado tudo ao mesmo tempo, agora?
Eu nunca tinha visto nada nem parecido.
Andar de avião pela primeira vez também a gente nunca esquece.
Minha primeira vez de avião, foi uma ponte aérea para o Rio de Janeiro, á trabalho, mas deu tempo de ir conhecer o Bar Garota de Ipanema, e depois num outro bar comer casquinha de siri olhando para o mar.
O primeiro gravador, desses de fita cassete que vi, eu tinha uns 12 anos, morava em Tabatinga, e um amigo do Neto, um irmão, que morava em SP, Vilson (Marinheiro), gravou minhas cantorias no banheiro. Quando eles me mostraram eu não acreditava no que via, ou ouvia.
Tempos depois, um primo de minha mãe, Gerson, de SP, foi passear num Galaxie, com toca fitas no carro, e nos levou á passear de carro, ouvindo música. Nooossaa, demais!!!
Também nunca esqueci a primeira vez que vi vídeo cassete. Um amigo, Rene Ferri, um dos donos da loja de discos Woob Boop, gravou um show de Elis Regina e fui assistir.
Ela tinha acabado de falecer, e eu tentando entender. Ele me disse que deixou gravando, com a TV desligada, nem estava em casa ????????
A primeira vez que um caixa eletrônico, expeliu dinheiro, quase enlouqueci. Adorei!
E tantas coisas, tantas emoções e lembranças…
Deixa estar, que falar pelo skype com meu irmão Zé Luiz, que mora em Londres, ve-lo nitidamente e ainda por cima, de graça, foi demais tambem...
Enfim, a lista é grande...que haja tempo e oportunidade para que ela cresça cada vez mais...

6 comentários:

  1. NOOOOOOOOOOOOSSSSA eu nem me lembrava mais do Marinheiro, onde será que ele anda ??

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    1. Começo dos anos 80 eu o encontrei em SP trabalhando no Banco Safra ag Bom retiro. Achei uma coincidencia enorme!!!
      Imagina em plena SP.
      Ele não tinha mudado nadinha!
      Depois nunca mais vi..
      A Sandra irmã Sonia Melo, se casou irmão dele?

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  2. Picida, como sempre o seu dom de transformar emoções em palavras me fez voltar no tempo e reviver coisas muito boas. Éramos muito felizes e não sabíamos, aliás, sabíamos sim e aproveitávamos.

    Um abraço

    Leitão e Fátima

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    1. Verdade Fatima. Aproveitamos bastante,da forma mais saudavel desse mundo!!
      Beijos em toda familia!

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  3. Olá Picida. Sou repórter da Sorria [www.revistasorria.com.br] e gostaria muito de indicar seu depoimento sobre a primeira vez que viu o mar do Rio de Janeiro para a próxima edição que terá o tema viagem. Você topa? Pode me indicar um mail seu de contato? Obrigada!

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